Só tens agora os carinhos do motor.
Os chuviscos vão estampando minha
camisa meio abotoada,
Ilustrando as inúmeras lacunas que
deixaste em mim.
O calçamento ainda está molhado
E todas as tinturas estão num tom mais
escuro
Que o usual.
Vejo a iluminação pública apenas
refletida no asfalto,
Que nem as paralelas de Belchior.
Amarelas, tudo é sépia
Na iluminação particular.
Dali, o Planetário mostra onde eu queria
estar.
Entro no carro e não ligo o limpador do
para-brisa.
Nenhuma alma viva ou morta.
Não é apenas o vidro que está turvo.
120 na Beira-Mar
E o mundo gira, gira...
Gabriel Queiroz