segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Silêncio Urbano


a Gustavo Isaias                                                                 


Minha companhia se fazia apenas
Pelo som de meus sapatos na calçada.
Lentos e pendulares, meus passos me seguiam.

A rua somente estava ali,
Com chiados e ruídos de sempre
Que, de tão sempre, camuflavam-se
No silêncio,
Como uma televisão que passa muito tempo
Em chuva-de-prata.

Lembrei-me de uma música
Que, pelos fones de ouvido, veio
E juntou-se a mim no infinito dali
E levou-me embora a outras paragens.
A paragens com mais poesia que ali.

Tão rápido como veio, foi-se.
Tal qual chão que se abre,
Fazendo o estômago subir
E uma quase angústia aparecer.

Contudo, nada mudara.
Eu apenas percebera aquele irritante som
De chuva-de-prata da rua
Que me incomodava como torneira
Mal fechada.

De fato, nada mudara.
Nem o som dos meus passos.
Nem mesmo o som da mesmice.


Gabriel Queiroz

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