E, no mais, não me entregue
A carta outrora rasgada.
Guarde-a para ti.
Guarde-a para lembrares
Cada afago que rejeitaste,
Cada palavra que calaste.
E, demais, eu te amei.
Amei-te enquanto teus olhos
Prediziam a primavera.
Não se pode hibernar
Por um inverno eterno.
Ah!, que saudade dos ipês...
Pensando bem, rasgue-a de novo.
Desfaça os remendos improvisados
E procure outro escritor de cartas.
Sempre serás sereia a enfeitiçar.
Esqueça se te falei “guarde-a”:
Aguarde-a.
Gabriel Queiroz
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