Às
vezes a aflição ataca sem motivo algum. Pelo menos, aparente. De súbito, certa
lembrança adormecida tira o dia pra atormentar. Não importa o que faça, ela
sussurrará ao seu ouvido que as coisas poderiam ser bem diferentes se apenas
tivesse ligado, tirado o telefone do silencioso ou ter criado coragem e ido
falar com ela.
A
incerteza é a mãe da angústia. Seja do passado, seja do futuro. Esse último
nada mais é do que incerto. Possibilidades, planos, tentativas de controlá-lo,
quase sempre em vão. Quase sempre. O que se pode fazer é a sua parte, nada a se
esperar dos outros.
E
quando as coisas não dão certo, lá vem ela de novo. Perturbando, prendendo sua
atenção, sua respiração. Afinal, não se podem controlar os pensamentos. Não os
seus. Os dos outros, de certa forma, como visto em “A Origem” (tente não pensar
em elefantes). Não vem ao caso...
O
curioso é quando o tal aperto no coração está lá, mas não se sabe o motivo.
Nenhuma lembrança, nenhum futuro específico. Talvez, desejo de que tudo fosse
diferente. Diferente como? Diferente. Talvez insegurança, como me falou uma
amiga. Insegurança por ela própria. Aquela pergunta, porque eu estou assim,
mesmo?
Não
importa, ela importuna do nada. Pega o seu coração sem permissão e aperta e
maltrata e massacra. Por diversão. Coloca-o num liquidificador e pressiona,
descompassada, o botão “pulsar”.
O
problema é que nosso coração às vezes se incomoda em pulsar tão forte.
Gabriel Queiroz
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