quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Mudo


Tinha tantas cores,
Tantos humores,
Tantas belezas...

Tinha tantas palavras
Que as roubou até mesmo do poeta.


Gabriel Queiroz

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Xilogravura Viva


O xote, o xaxado e o chiado da chinela chamando:
Oxente, meu xodó, chegue chamegar mais eu!

Gabriel Queiroz

domingo, 11 de novembro de 2012

Moça da Luz


A luz do candeeiro tremendo de medo
O medo meu também de você não voltar
Você me prometendo o mundo pelo beijo
O mundo, o céu, a terra do meu Ceará

A porta abre, a luz me cega, por que está tão cedo?
Seu cheiro, seus cabelos vêm me acordar
A rede range, o vento sopra, mas eu não te vejo
Visita, não me larga nem no meu sonhar

Fogueira se apagou no meu pesadelo
Sanfona se calou, não quer mais tocar
São João se acabou e não tem mais jeito
A gente não se viu naquele arraiá

Volta, traz contigo aquele teu sossego
E jura que essa terra não vai mais mudar
Canta, meu xodó, tudo que eu conheço
Acalma meus ouvidos tal qual sabiá.


Gabriel Queiroz

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Memórias 07


O tempo parece ser o grande inimigo...
Tudo era certo, rotineiro.
Eu gosto de rotinas.
Elas têm sua beleza.

As amizades estão ali o tempo todo,
Por que nunca mais lembrei?
Não me lembrei de esquecê-las também.
Ainda bem.
Lembrei-me agora, revirando-me para dormir.

A tristeza ou nostalgia – não sei ao certo –
Inundou-me nesta noite,
Ajudada pelo meu suor.
O ventilador vagarosamente oscila
Enquanto cada abraço se refaz no sonho
E cada risada soa no cochilo,
Que se desfazem ao menor lampejo
De uma verdade vacilante,
Vazia de contato.

A verdade quer o sonho;
A verdade quer o cochilo.


Gabriel Queiroz