Umas gotas que caem nesse vidro
Não escorrem.
Nesse vidro das janelas
Que não abro há muito.
Essas gotas que me aparecem aqui
Fitam-me, caladas, o dia todo.
Envergonho-me.
Do outro lado, há um jardim feio,
Com umas árvores estranhas
E uma grama malcuidada.
Por isso, as gotas que caem do outro lado
Da janela
Olham-me.
Quando o inverno acabar
E as árvores criarem folhas
E a grama ganhar um verde viçoso,
Gotas, não me abandonem.