domingo, 24 de agosto de 2014

Entardecer

             A hora mais triste? O entardecer. Não sei explicar direito os porquês, mas acho tem algo a ver com o amarelo queimado do céu e de alguns postes apressados. Talvez seja a sugestão de que aquela mistura magnífica de azul, laranja, rosa e cores indescritíveis do horizonte será rapidamente substituída pelas luzes artificiais, vazias e melancólicas da iluminação pública.

            Sim, deve ser isso. Essa sensação de impotência diante de algo estonteante, mas efêmero e com minutos — até segundos — contados. Como... como o teu sorriso! Isso. Teu sorriso é um entardecer. Desequilibra, desnorteia e se vai sem explicação, deixando meras lembranças que tentam imitá-lo. Um prenúncio de caos.

            Sabe aquela música de Alceu? Tesoura do Desejo fala sobre um velho sonho bom que, fatalmente, viraria pesadelo. É isso, o teu sorriso. É o entardecer. É o que, de tão sublime, se faz triste.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Samba

Ouvi o samba como quem sai de casa.
Como quem sai à rua pra pensar,
A buscar uma identidade pra si,
E não volta mais.