Diz-se que quem vai embora parte.
E partir é o mais difícil de se ir
embora.
É partir o próprio coração,
Deixar um pedaço e levar outro,
Um pouco mais sem graça,
Um pouco mais sem vida,
Ainda assim, coração o suficiente para
doer.
Ao se partir, não há refúgio.
Não há quem culpe, não há quem volte.
Não há para quem implorar,
Em telefonemas desesperados
Durante madrugadas vazias.
Há apenas o espelho e o rádio.
Mas não há canções para serem ouvidas.
Não há canções porque não há o que
dizer.
Quem partiu foi você
E o cantador lhe espera.
Quem se partiu foi você
E, no canto, a dor lhe espera.
Na dúvida, culpa-se o tu-lírico!
Já que o eu-lírico jamais faria nada
disso
E não tem vocação para vilão de si
próprio.