domingo, 24 de junho de 2012

O Banco do Parque


O banco do parque
Na ponte sobre o riacho
Onde sempre nos encontrávamos
Acidentalmente
E a conversa nos fazia companhia
Assim como sua ternura


O banco do parque
Onde meu ombro se transformava
No mais perfeito travesseiro
E sua pele
No cobertor ideal

O banco do parque
Onde sua ternura era o cobertor
E cobria minhas ideias de cores
Inspirações, certezas e alegrias
Protegia-me da solidão congelante

O banco do parque
Andou esquecido
Enferrujado, descascado
Mas passei por lá outro dia
E vi que o restauraram
Está belo como naquela época
Todo pintado, você precisa ver!

Quem sabe, algum dia desses
Possamos sentar nele de novo...
Numa fria noite de outono
Numa terna noite de outono
Numa eterna noite de outono.


Gabriel Queiroz

sábado, 16 de junho de 2012

Pronomes e Verbo


Palavras significam mais à noite
Palavras significam
Mas, à noite, sensações
Abraços, conforto
Ativam o imaginário

Palavras significam mais
Na ausência do concreto
Na distância, no escuro
Tomam forma
Tornam-se palpáveis

Mas as tuas...
Até mesmo tuas palavras são proibidas
Receosas, não descansam no meu peito
Fogem-me pelos dedos
Inquietam-me os nervos

Anseio por dispensá-las
Elas ficarão gratas, eu sei
Não fugirão mais
Apenas se recolherão ao canto
De boa vontade
Dando espaço ao contato dos rostos
À respiração
E ao silêncio.


Gabriel Queiroz

terça-feira, 12 de junho de 2012

Poemas Como Este


Eu, nada
Ela, universo
Universos, une versos!
Une todos os amores
São cores, dores
E rimas clichês.

Gabriel Queiroz

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Pensamento-crime


Estou preso
Não existe prazo
Validade indeterminada
Às vezes, liberdade condicional
Na condição de não saber
Que você não está aqui
Que você existe
Que você está com alguém
De não lembrar

Sempre acabo detido novamente.

                                   Gabriel Queiroz

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Diálogo II


As memórias não se aquietam
E juntam-se às tuas
Àquele mesmo fim de tarde

Mas estamos aqui
E agora?
Não sei o que falar
Não sei o que pensar
E nem quero saber
Nem quero pensar sobre saber

Só o que quero é olhar pra ti
Sentir-te a um braço de distância
Tão possível e impossível
Pelas complicações
Simultaneamente.


Gabriel Queiroz

domingo, 3 de junho de 2012

Vão


A vida insatisfeita com a própria vida
O sentimento de falta, de perda
Perda do que? Falta do que?
Queria-se tanto estar ali
Está e não se quer mais
Ou não é o suficiente
Será?

Vozes que sugerem, opinam
Elas não sabem de nada
Mas elas vêm da própria vida
Que não sabe de nada
E não quer saber

Vidas vazias não conseguem
Completar o seu vão
Direcionadas pras outras
A sociedade requer a vida
Um pouco egoísta da sociedade
E egoísta da vida querer o contrário
E agora?

Vozes em vão dão falsas soluções
Não há solução
A felicidade não é suficiente
Porque é corroída aos poucos pela vida
À medida que tenta preencher
Aquele mesmo vazio
De sempre

Sempre hão de ter
Vidas vazias, vozes em vão.


Gabriel Queiroz